O Homem é sua Compreensão
Todos recebemos, em vários períodos de nossas vidas, um conhecimento específico com o qual somos capacitamos para interpretar o mundo e a nós mesmos. Nossos pais iniciam a nossa educação e a sociedade, a escola, os amigos, a cultura nos trazem outras ideias e informações. Porém, essa é apenas uma das etapas da educação, a primeira educação, aquela que recebemos, quase passivamente, imposta, em todos os casos, fundamental para a sobrevivência, para nos possibilitar ter um comportamento civilizado e útil.
Seria isso suficiente? Sim, para a maioria da humanidade essa educação é a desejada, e quando bem recebida faz de um possível selvagem, ignorante, em um ser humano capacitado e com um nível de compreensão suficiente para suas conquistas, maiores e menores.
O que essa maioria desconhece e até despreza é um conhecimento que lhes dê uma nova visão de si mesmos e do universo, que os faça questionar absolutamente tudo o que aprenderam e acreditam. Alguns poucos, por razões especiais, não estão satisfeitos dessa primeira educação, mesmo tendo chegado a grandes conquistas pessoais e sociais, eles querem mais. São esses que são vistos com certa desconfiança pela maioria satisfeita e bem adaptada àquele mundo que consideram já desvendado. Esse grupo não aceita muito bem que se questione a “ciência”, a religião, a política, a sua amada civilização e, menos ainda sua consciência e equilíbrio. Por outro lado, todos os verdadeiros heróis da humanidade são homens/mulheres que se fizeram eles mesmos, que ousaram e que questionaram o mundo certinho que lhe apresentaram. Mesmo que alguns dessas pessoas sejam invisíveis e discretas são elas também, excepcionais.
A grande diferença é que não são somente questionadoras, mas procuram intensamente e de forma inteligente um conhecimento que não está acessível e, que menos ainda, se encontra nas universidades, igrejas, entre seus amigos e parentes e que se constitui em uma segunda educação, a qual precisa ele mesmo dar a si mesmo, que vai muito além de acumulação de conhecimento, e o levará a uma transformação profunda e o fará ter uma nova e expandida compreensão e, portanto, poderes muito superiores e desconhecidos para a maioria dos assim chamados “civilizados”.
Algumas dessas ideias são recorrentes nas escrituras e na cultura esotérica. Uma busca mais cuidadosa nos impacta com esse conhecimento que abre a mente para um mundo desconhecido e milagroso.
Em torno do conceito de eternidade há uma imensa rede de conceitos, de ideias que mostram como estamos limitados e assim, incapacitados para romper com o véu que condiciona a compreensão do mundo real e maior, que nossos sentidos e mente lógica não são capazes de nos abrir.
A palavra grega traduzida por vezes como eternidade e eterno é éon e o equivalente hebraico olam. As traduções das escrituras para as línguas latinas e o português é, por vezes, mundo. Certamente que o significado dessas palavras ultrapassa muito o universo físico como concebido pela ciência e pelo homem comum. Em Eclesiastes se lê que, ao morrer o homem regressa a ‘casa de seu século’. Se substituímos pela palavra original fica:.. vai a casa de seu olam (éon).
Quando levamos em conta a ideia de que o mundo de dimensões superiores origina o mundo reduzido, e de menos dimensões, entendemos que não nos é possível acrescentar nada ao mundo inferior que já não esteja no superior.
Isso traz uma nova luz a essas passagens nas escrituras onde aparece a palavra olam:
‘Pois o Senhor (a Lei) tem pesado o mundo e com medida tem medido os tempos, e por números tem numerado as estações, e não repousará e não mudará até que o número seja cumprido’ Esdras
Aqui a palavra mundo é olam.
Ainda, ‘Sei que qualquer coisa que Deus fizer, para sempre será feita; nada se pode acrescentar, e nada se pode tirar’. (Eclesiastes). Aqui a expressão para sempre é literalmente olâmica.
Deus cria no plano olâmico ou eônico; ou seja, que atrás, suportando o Éon está Deus, e atrás a realidade fenomênica ( aquilo que percebemos com os nossos sentidos e nossa mente lógica) está o Éon.
Esses são simples exemplos de uma outra maneira de pensar e ver aquilo que está, não somente mal e pobremente apresentado nas escrituras, mas que limita o nosso pensar, o qual precisa de um novo conceito e compreensão do Tempo para poder se aproximar do mundo real, que de nenhuma maneira é esse que vemos, tocamos e pensamos com a mente condicionada.