Por que nos irritamos tanto com algumas pessoas? Por que, se as achamos inadequadas, não sentimos piedade por suas inadequações, mas antes, as odiamos ou aquilo que fazem? Isso é muito frequente com aqueles mais próximos, com os nossos familiares, aqueles de nossa casa. O fato é que, inconscientemente, nos vemos neles – nos nossos pais, filhos, companheiros. Eles nos imitam e nós a eles. Essa tendência é uma prisão para eles e para nós. Suportar o mau comportamento dos outros e a nossa própria má reação a isso é muito salutar.
Claro que sempre estamos na melhor condição possível para despertar e, compreendam, quanto mais brutalizado um homem, mais brutal será a sua vida para que, pelo sofrimento, desperte.
Quando falamos do conhecimento esotérico, do oculto e sutil no homem e no universo, imediatamente nos reportamos a uma nova linguagem e, assim, a novos significados. O que está explícito no Evangelho, nas parábolas, ensinamentos e drama do Mashiakh não pode ser interpretado de baixo para cima, pelo entendimento superficial, inadequado e pervertido dos homens despreparados, mas exige uma preparação, corpo, mente e sentimentos, para que, de uma forma surpreendente, os significados sejam revelados segundo as condições de elevação e merecimento. Nenhum valor há na letra – que mata! Mas, no significado e ideias que ela abriga, oculta, ciosamente, dos ignorantes e maliciosos.
As por vezes estranhas, incoerentes e supostamente injustas cenas do Evangelho contém muitos significados dentro de significados, dentro de outros significados. A mente lógica, da ciência materialista, não importa quão treinada, não pode alcançar e vislumbrar o que se oculta atrás dessa história misteriosa e curiosa. A precisão, em todos os sentidos, dos vários capítulos e versos da escritura é absoluta. Todas as alterações da letra conduzem a graves erros, como em uma progressão geométrica – você aplica 5 e colhe 5.000, para o triunfo ou fracasso, para a verdade ou falsidade. A linguagem do mundo levará sempre a separação, a confusão, ao conflito, a disputa. O que há nela que produz tanto sofrimento? É preciso lembrar da torre de Babel, o porquê da separação, do surgimento das “línguas”. O que aconteceu não se limita ao que pode-se imaginar: onde havia uma língua e surgiram centenas, mas dentro de uma mesma língua, vários níveis surgiram de forma que somente aqueles que conheciam a linguagem dos anjos se compreendiam entre si e aos outros, mas aqueles que decaíram na sua própria compreensão, não se compreendiam nem mesmo dentro deles próprios.